O que é Alergia Ocular?

A alergia ocular é uma inflamação da superfície dos olhos causada por uma reação exagerada do nosso sistema imunológico a partículas presentes no ambiente, como ácaros, pólen, pelos de animais ou fungos. Essas reações são conhecidas como hipersensibilidade e podem envolver diferentes mecanismos imunológicos, como a ativação de anticorpos do tipo IgE ou células de defesa como os linfócitos T.

alergia - causas

A alergia ocular pode afetar pessoas de todas as idades e, frequentemente, está associada a outras condições alérgicas, como rinite, asma e dermatite atópica. Embora atinja cerca de 40% da população mundial, ainda é uma condição subestimada — tanto por pacientes quanto por muitos profissionais de saúde.

Suas manifestações podem variar bastante, desde sintomas leves e desconfortáveis até quadros mais graves, com lesões na córnea, redução da acuidade visual por deformidade e afinamento da córnea (ceratocone) e, em casos extremos, risco de comprometimento permanente da visão. Independentemente da intensidade, a alergia ocular pode interferir de forma significativa na qualidade de vida, afetando desde o desempenho escolar de crianças até a produtividade e bem-estar emocional de adultos.

Principais Sintomas

O prurido ocular (coceira nos olhos) é o sintoma mais marcante. Outros sinais comuns incluem:

  • Olhos vermelhos e irritados
  • Inchaço nas pálpebras
  • Lacrimejamento
  • Sensação de areia ou corpo estranho
  • Secreção clara e viscosa (tipo mucosa)
  • Fotofobia (sensibilidade à luz)
alergia sintomas

Esses sintomas geralmente ocorrem nos dois olhos, embora possam ser mais intensos de um lado.

Tipos de Alergia Ocular

A alergia ocular não é uma doença única, mas sim um grupo de condições que afetam os olhos de maneiras distintas:

  • Conjuntivite Alérgica Sazonal

Relacionada a pólen e outros alérgenos do ar, costuma surgir em épocas específicas do ano, como a primavera. É comum estar associada à rinite, asma ou dermatite atópica.

  • Conjuntivite Alérgica Perene

Mais leve e contínua ao longo do ano, é desencadeada por alérgenos presentes dentro de casa, como ácaros da poeira, pelos de animais e mofo.

  • Ceratoconjuntivite Vernal (ou Primaveril)

Costuma acometer crianças e adolescentes com histórico de alergias. É uma forma mais intensa e pode comprometer a córnea, com risco de lesões e até perda visual. Pode causar:

  • Papilas aumentadas na pálpebra superior (aspecto de “pedrinhas”)
  • Nódulos na região do limbo (nódulos de Horner-Trantas)
  • Úlcera em escudo na córnea
alergia exame
  • Ceratoconjuntivite Atópica

Forma crônica e grave, mais comum em adultos com dermatite atópica. Pode causar cicatrizes, opacidade e neovascularização da córnea, com potencial comprometimento visual importante.

conjuntivite atópica
  • Conjuntivite Papilar Gigante

Causada pelo contato contínuo da conjuntiva com corpos estranhos, como lentes de contato, próteses oculares ou fios de sutura. Leva à formação de papilas grandes e desconfortáveis na pálpebra superior.

conjuntivite papilar gigante

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de alergia ocular é feito baseado na história clínica dos sintomas e auxiliado por testes alérgicos, pelo histórico pessoal e familiar de alergias, além das possíveis exposições a alérgenos.

Para confirmar o diagnóstico, podem ser realizados testes específicos que identificam a presença de anticorpos IgE contra substâncias alergênicas:

  • Teste cutâneo (prick test): é um teste cutâneo de hipersensibilidade imediata. É um exame rápido, seguro e praticamente indolor. Consiste em aplicar pequenas quantidades de alérgenos na pele do antebraço para observar a reação local após 20 minutos. Existem diversos grupos de alérgenos que podem ser investigados, como ácaros, pelos de animais, baratas, fungos, penas, pólens, alimentos e insetos.
conjuntivite alérgica prik teste
  • Exame de sangue (IgE específica): indicado em algumas situações, detecta os anticorpos diretamente no sangue do paciente.
  • Teste de provocação conjuntival: utilizado apenas em casos mais duvidosos, consiste em aplicar o alérgeno diretamente na conjuntiva, sob supervisão médica, para avaliar a reação ocular.

Na Olharis, contamos com uma abordagem integrada para diagnóstico e tratamento, garantindo segurança, precisão e acolhimento em cada etapa do cuidado. Ressaltamos a importância do acompanhamento multidisciplinar em muitos casos de alergia ocular.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da alergia ocular é individualizado, de acordo com o tipo e a intensidade do quadro. Na Olharis, nossa abordagem é integral, combinando orientação, controle ambiental e medicações seguras. Além de acompanhamento multidisciplinar quando necessário.

O tratamento da alergia ocular baseia-se em três aspectos importantes:

  • Medidas gerais preventivas: Indicadas para evitar o aparecimento dos sintomas.
  • Medicamentos: Promovem a redução da inflamação alérgica ocular e melhora dos sintomas.
  • Imunoterapia (vacina de alérgenos): Visa tornar o indivíduo mais tolerante ao alérgeno.

Medidas gerais preventivas

São ações que tem como objetivo diminuir a exposição aos alérgenos aos quais o paciente é sensível, através de medidas de controle ambiental, dentro e fora do domicílio.

alergia ocular medidas preventivas
  • Deixe a luz do sol entrar!
    Mantenha as janelas abertas sempre que possível. A ventilação e a luz solar ajudam a reduzir a umidade e o acúmulo de ácaros.
  • Limpeza frequente e cuidadosa:
    Limpe a casa todos os dias com pano úmido, de preferência quando o paciente alérgico não estiver presente. Evite o uso de vassouras ou espanadores, que levantam o pó.
  • Evite acúmulo de poeira:
    Prefira pisos lisos e sem frestas no lugar de carpetes e tapetes. Sofás com revestimento em couro ou vinil são mais indicados, pois acumulam menos ácaros.
  • Cuidado com brinquedos de pelúcia:
    Evite deixá-los no quarto. Se forem indispensáveis, lave-os com água quente (acima de 60 °C) ou coloque-os no congelador por algumas horas para eliminar os ácaros.
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  • Escolha travesseiros e colchões adequados:
    Substitua os modelos de paina ou plumas por opções em espuma, fibra ou látex. Use capas impermeáveis antialérgicas.
  • Higienize roupas de cama com frequência:
    Lave lençóis, fronhas e cobertores semanalmente, em água quente (>55 °C), e seque-os ao sol ou com ar quente.
  • Aspirador com filtro HEPA:
    Use aspiradores com filtro HEPA para remover eficazmente o pó dos móveis, colchões e ambientes. Faça isso pelo menos uma vez por semana.
  • Cortinas? Melhor evitar!
    Prefira persianas ou cortinas de material lavável. Se for usar tecido, mantenha a limpeza sempre em dia.
  • Combata a umidade e o mofo:
    Conserte vazamentos, infiltrações e evite deixar cômodos fechados por muito tempo. Ambientes úmidos favorecem o crescimento de fungos.
  • Cuidado com os pets:
    Se tiver animais de estimação, evite que subam na cama ou entrem no quarto do paciente alérgico. Mantenha a higiene dos pets em dia, com banhos regulares.
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Tratamento medicamentoso

O uso de medicamentos tem como objetivo diminuir a inflamação nos olhos e assim, reduzir o risco de possíveis complicações.

Tratamento de uso local:

alergia ocular tratamento local
  • Colírios antialérgicos: aliviam os sintomas e estabilizam as células que liberam substâncias inflamatórias (mastócitos)
  • Corticoides tópicos: usados com cautela, apenas sob supervisão médica, em crises graves e formas crônicas
  • Imunossupressores: indicados em casos mais severos ou corticoide dependentes.
  • Compressas geladas: ajudam no alívio dos sintomas
  • Colírios lubrificantes sem conservantes: ajudam a lavar os alérgenos e a proteger a superfície ocular.
  • Higiene palpebral: reduz a quantidade de alérgenos nos cílios e pálpebras.

Tratamento de uso sistêmico:

Este tipo de tratamento geralmente é mais indicado para os casos mais graves, que não melhoram com o tratamento de uso local. Dentre os medicamentos mais utilizados podemos citar: corticoides (uso por períodos curtos), imunossupressores  e até mesmo os imunobiológicos.

Imunoterapia

A imunoterapia com alérgenos, também conhecida como “vacina para alergia”, é uma das formas mais eficazes de tratar a causa da alergia ocular — e não apenas os sintomas.

alergia ocular imunoterapia

O objetivo desse tratamento é aumentar gradualmente a tolerância do organismo aos alérgenos responsáveis pelas crises, identificados previamente nos testes alérgicos. Com o tempo, o corpo passa a reagir menos à exposição a essas substâncias.

Trata-se de um tratamento personalizado, realizado com extratos padronizados, sob orientação do alergista. A duração média varia entre 3 a 5 anos, e seus efeitos benéficos costumam se manter mesmo após a finalização do protocolo.

Na Olharis, acreditamos que o tratamento da alergia ocular vai além do alívio dos sintomas — buscamos soluções duradouras e seguras para a saúde dos seus olhos.

Por que a alergia ocular deve ser tratada?

Muitas pessoas encaram a alergia ocular como algo simples, passageiro ou sem gravidade. Mas a verdade é que, quando não tratada de forma adequada, ela pode causar complicações sérias e prejuízos reais à saúde e à qualidade de vida.

Além de sintomas como coceira intensa, vermelhidão, inchaço das pálpebras e lacrimejamento, a alergia ocular pode:

  • Prejudicar a visão — principalmente nos casos em que a córnea é afetada.
  • Interferir na rotina — com desconforto para ler, usar telas, dirigir ou ficar em ambientes iluminados.
  • Afetar a autoestima — por causa do aspecto dos olhos, que podem parecer constantemente irritados.
  • Reduzir o rendimento escolar ou profissional — devido ao incômodo contínuo.
  • Aumentar o risco de ceratocone — doença que provoca deformidade e afinamento da córnea com aumento progressivo do grau e baixa visão. O principal fator de risco para essa doença é o ato de coçar os olhos.
  • Aumentar o risco de catarata e glaucoma — especialmente quando há uso indevido de colírios com corticóide.
  • Piora das olheiras e flacidez palpebral – pelo ato de coçar os olhos.
  • Risco de descolamento de retina – coçar os olhos de forma vigorosa pode ser a causa do descolamento.
  • Risco de infecções – coçar os olhos com as mãos contaminadas aumenta o risco de conjuntivites infecciosas.

O que fazer em caso de uma crise ocular alérgica aguda?

1º Fique longe do que desencadeou a coceira – procure um local arejado.

2º Lave as mãos e o rosto – compressas geladas aliviam os sintomas.

3º Pingue o colírio lubrificante e o antialérgico – prescritos por sua oftalmologista e que estejam no prazo de validade (o prazo de validade muda após abrir o frasco – consulte a bula).

4º Evite coçar os olhos ao máximo – para reduzir o risco de desenvolver ceratocone.

5º Procure ajuda! – Consulte sua oftalmologista. Algumas crises alérgicas necessitam de outras medicações.

Cuide do seu olhar com quem entende

A alergia ocular precisa ser diagnosticada e tratada de forma personalizada. Na Olharis, realizamos uma avaliação completa com exames específicos, orientação individualizada e tecnologia de ponta para cuidar da sua saúde ocular com acolhimento e excelência.

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Dra. Fernanda Fernandes

Diretora médica e responsável técnica da Olharis. Oftalmologista especialista em córnea e doenças externas.

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